Honda Bros 160 X Yamaha Crosser 150

Honda Bros 160 X Yamaha Crosser 150

A Honda estava quieta e tranquila, mantendo fácil a liderança no segmento das pequenas on-off road com a NXR 150 Bros. A diferença era larga porque quase não havia motos que lhe fizessem concorrência. Aí chegou a Yamaha no ano passado (2014) e veio com um desafio, um produto para dar resposta ao da Honda: a Yamaha XTZ 150 Crosser.

Um novo projeto visando exatamente o mesmo consumidor e apresentando vantagens concretas: motor bem ajustado, chassi competente e link na suspensão traseira, design inovador, bem agressivo e atualizado. Esse tipo de moto é muito procurado por seu porte robusto, facilidade para trafegar com conforto e sem restrições nas vias acidentadas brasileiras e com preço muito acessível. Ah, claro, com a possibilidade de usar qualquer proporção de etanol ou gasolina.

Tanto Honda quanto Yamaha fizeram a opção de colocar nas suas motos a tecnologia bicombustível, ainda mais agora que os combustíveis recebem nova taxação de impostos e o uso de etanol, que é mais barato, pode ser melhor para o bolso e a moto vai gostar, porque anda mais.

A verdade é que este segmento representa um volume considerável e a Yamaha fez acordar a Honda que lidera o segmento das pequenas trail. Apesar de não ter perdido espaço para a concorrente, ao menos no primeiro ano de venda das duas, a Honda não quis esperar e rapidamente preparou sua reação ao desafio da Yamaha e apresentou a NXR 160 Bros. E a pergunta que não quer calar é a seguinte: A NXR 160 Bros consegue amenizar o impacto da chegada da concorrente?

A moto que estiver levando menos peso leva vantagem na subida, mas com exatamente a mesma carga a Honda leva vantagem

A resposta não é tão simples. Em termos de performance do motor por exemplo, já de início os números enganam, posto que as duas marcas utilizam métodos diferentes de realizar as suas medições de torque e potência. A Honda executa suas medições no eixo do virabrequim, no motor. A Yamaha executa suas medições no eixo da roda traseira. Do eixo do motor para o eixo da roda há todo atrito que a transmissão faz, alterando substancialmente os parâmetros para se fazer uma boa comparação. E mesmo em relação entre as duas Bros, a 150 e a nova Bros 160 o ganho foi pequeno, passando de 13,8-14 cv (gasolina-etanol) para 14,5-14,7 para os respectivos combustíveis.

Aumento de 0,7 cv em 10cc a mais no volume deslocado pelo motor é pouco. Acontece que a forma que o motor responde ao acelerador é muito mais conveniente na Bros 160. Coisa que os números simplesmente não mostram.


Câmbio das duas são equivalentes, mas o da Yamaha é mais pesado, principalmente quando tem pouco uso

Quanto às transmissões, a Yamaha tem fama de ter o câmbio duro, mas isso só é verdade nas motos novas, sem amaciamento. Na Crosser não foi diferente, nos primeiros quilômetros as trocas eram mais pesadas e com o tempo foram melhorando. No começo é necessário um pouco de atenção para não errar, mas conforme os km se acumulam essa condição melhora. Na Bros o câmbio é de trocas fáceis e rápidas, desde o começo. As embreagens das duas são bastante leves e atuam com perfeição, facilmente manuseadas.

No test ride da Bros 160 que o Motonline fez em novembro de 2014 já deu para perceber uma resposta mais rápida do motor, resultado do aumento de potência e uma curva de torque mais inteligente. Agora, rodando perto de 1000 km em trechos urbanos, estradas asfaltadas e de terra, pudemos perceber como mudou o comportamento da moto com o novo motor e compará-lo ao da Yamaha. Frente a frente, a Honda leva uma pequena vantagem em termos do propulsor.
Em termos de ciclística a Yamaha ainda não foi desbancada. A marca tem a fama de produzir motos muito ágeis e gostosas de dirigir e a Crosser não nega essa fama. É muito leve nas manobras e responde com mais presteza do que a NXR 160 Bros. Os números da sua geometria não mentem. Não que a Bros 160 não seja ágil e gostosa de dirigir, mas é que a Yamaha oferece um pouco mais de esportividade e em termos de dirigibilidade isso pode ser uma vantagem.

Geometria é um pouco mais rápida na Crosser: são menores o ângulo do rake, a medida do trail e distância entre eixos; resultam em mais tensões ao chassi e suspensão, mas essas dão boa conta do recado

Freio a disco na traseira é disponível como opcional na Honda e na suspensão traseira o amortecedor é afixado diretamente na balança, sem link; na Yamaha o freio traseiro é a tambor e a suspensão traseira tem link que melhora a progressividade da suspensão

Conforto: A Bros 160 ficou mais espaçosa para o piloto que se coloca agora em uma postura mais normal, pedaleiras mais baixas e guidão mais na mão. Na nova Bros em relação à Yamaha, a posição ficou muito parecida, mas na Yamaha você fica um pouco mais encaixado no banco, que também é mais baixo e macio. Continuam muito parecidas as duas, mas na Honda as pedaleiras ficam um pouco mais baixas, facilitando um pouco mais a transição para posição em pé. Na Yamaha a posição não é tão “off” quanto na nova Bros, mas seu comportamento é bem focado para terrenos acidentados, com bastante conforto, mas a postura em pé é um pouco prejudicada pelo formato do banco. Por outro lado esse mesmo formato favorece ao garupa, que tem uma posição mais confortável.

Na Crosser, o banco é macio para longas horas e não cede demais para que não se perca a sensibilidade na pilotagem. Na Bros, sente-se uma maior firmeza no banco que pode traduzir em cansaço um pouco mais cedo.

A suspensão da Bros 160 tem o mesmo curso da Bros 150 e na Yamaha Crosser também o curso é o mesmo. As qualidades de ambas são bem conhecidas. Na Bros, uma boa parte do curso na traseira é usado quando se adiciona garupa. Na Crosser, por causa da presença do link esse comportamento com o peso adicional é melhor absorvido e também nos pequenos buracos a Crosser mantém melhor o contato com o solo, pois controla melhor o curso negativo (Sag). Em grandes impactos a suspensão da Bros passa um pouco de flexão ao chassi, coisa que acontece em muito menor escala na Crosser, passando mais confiança ao piloto.

Com a Bros 160 você tem bastante motor para subir e ótimos freios para descer: diversão garantida


Consumo numa motocicleta de pequena cilindrada deve ser uma das suas maiores vantagens. Fazer economia e poder andar bastante com ela, com um tanque de combustível é uma qualidade bem admirada pelos usuários e nas duas motos comparadas aqui isso se mostra como fato real. Obtivemos boas médias com os dois modelos, mas o mais importante foi constatar a conveniência do uso do álcool como combustível. Com Etanol em qualquer uma das duas motos, você gasta menos R$ por km. Faça as contas e você vai perceber que é melhor usar etanol porque o custo é menor, mesmo com a moto consumindo um pouco mais do combustível.

O painel da Honda Bros 160 é menor do que o da Yamaha, tem apenas um mostrador em cristal líquido para indicar as informações. As duas motos contam com um desenho bem atual. Na Yamaha, além do mostrador de cristal líquido ainda há um tacômetro analógico, o que é bastante conveniente é o indicador de marcha em uso. Os faróis iluminam bem para a categoria e os comandos elétricos têm boa acessibilidade.

Um item importante na comparação é a questão da garantia, que para a NXR 160 Bros é de 3 anos, com sete trocas de óleo por conta da Honda. Os preços das duas também se equivalem, mas a Honda aproveitou o aumento do motor e oferta da garantia maior para aumentar também o preço (FIPE, 22/1/2015):

Honda NXR 160 Bros ESD FLEXone: R$10.023,00 / Yamaha XTZ 150 E Crosser: R$9.100,00

Honda NXR 160 ESDD FLEXone: R$10.589,00 / Yamaha XTZ 150 ED Crosser: R$9.579,00

A comparação das duas motos constata que são duas motos muito boas, evoluídas e bem acertadas para seus públicos e para o mercado brasileiro atual. E é assim que tem que ser. O movimento de um empurra o outro para a ação e isso desenvolve o mercado, motiva o consumidor a comprar, a indústria a lançar novos produtos, mais eficientes e apropriados ao mercado. A livre concorrência é sem dúvida a melhor coisa que pode acontecer para o desenvolvimento da economia de um país. A prova está aqui e a escolha da melhor opção é individual. Com a palavra o consumidor.

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